por Luiz Leonardo Fração (*)
Recentemente, o governo federal nos brindou com mais um ato de extrema generosidade e caridade: o vale-cultura. Há alguns anos venho analisando o efeito desses atos altruístas e, a cada nova concessão que os governos fazem, confesso que não consigo mais ter admiração por eles, e sim apenas olhar com muita desconfiança sobre a real intenção por trás de seus atos.
Mas deixem explicar meu ceticismo. Desde que me conheço por gente, o Estado tem sido o responsável por nos prover com a polícia, o Judiciário, o Exército. Até aí tudo bem. Mas quiseram nos ajudar mais. Dizem-se responsáveis, hoje, pela nossa saúde, educação, infraestrutura e, mais recentemente, pela nossa moradia (Minha Casa, Minha Vida), alimentação (Bolsa-Família) e cultura (vale-cultura)!
Fantástico? Não. Isso mesmo, não! Cada serviço que hoje o Estado nos presta, ele nos presta de uma forma mais cara do que poderíamos buscar na iniciativa privada, e em um nível de serviço pior. Quando vejo todas essas benevolências, questiono se as pessoas entendem dois conceitos básicos que julgo de extrema importância.
Primeiro, como descreveu bem Milton Friedman (vencedor do Prêmio Nobel de Economia), quem tem a melhor capacidade de decidir por você é você mesmo, não o Estado. Quando este toma 40% do PIB em impostos, significa que ele está tomando 40% das suas decisões, e, portanto, o dinheiro está sendo gasto de uma forma muito pior do que se você o fizesse.
Segundo, como Ayn Rand apontou pela primeira vez, somos erradamente ensinados que a maior virtude é dar, não produzir. No entanto, para dar é necessário antes criar. O Estado não é criador de nada; quem cria é o indivíduo, o trabalhador. Ao contrário do senso comum, o grande gerador de riqueza e distribuidor de renda é o empresário, por meio da sua busca incessante pelo lucro e, consequentemente, por meio da geração de empregos e da oferta de produtos mais acessíveis.
Por isso, toda vez que o Estado quiser lhe dar algo, questione. Pergunte de onde está saindo o capital que financiará tal benefício, pois, certamente, para você recebê-lo, esse dinheiro saiu do seu próprio bolso, subiu a burocracia, foi desviado em parte e voltou em quantidade muito menor do que aquela inicialmente despendida pelos contribuintes, e em forma de um serviço que nem sempre é o que você quer.
Sem dúvida, o mundo ideal seria aquele em que tivéssemos acesso a tudo, sem nos esforçar por nada. Um mundo no qual teríamos um Bolsa-Tudo, que nos proporcionaria nossa casa dos sonhos, nossa comida favorita, educação de primeira. No entanto, temos de nos lembrar das duas premissas básicas, segundo as quais para dar é necessário produzir – logo, para termos as coisas, teremos de trabalhar –, e o Estado sempre nos cobra uma taxa para tomar decisões piores do que as que poderíamos tomar por nós mesmos.
(*) Presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
Fonte: Zero Hora
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